30/10/25

OS BRINCOS À RONALDO E OUTRAS HISTÓRIAS

 

ESPETÁCULO SOBRE  IGUALDADE DE GÉNERO

Três intérpretes para trinta personagens. Um espetáculo bem-disposto, rápido e intenso, com a vida toda a correr. Como as nossas próprias vidas e como o mundo que nos rodeia: situações quotidianas, casos exemplares e a ironia dos preconceitos, dos estereótipos de género, da regulação de comportamento. Da empresa ao cabeleireiro, do consultório médico à praça, do táxi ao portão de casa, da sessão de fitness ao jogo de futebol, situações a que não somos impunes: cada gesto foi criado porque era já nosso, cada palavra foi dita porque já a dissemos. O espetáculo OS BRINCOS À RONALDO E OUTRAS HISTÓRIAS procura, com muito humor, construir um futuro com maior igualdade.

Encenação: Alexandre Sampaio | Dramaturgia: Abel Santos, Alexandre Sampaio, Alicia Gómez, Joana Ventura, Luís Quinas Guerra, Rosa Monteiro, Sofia Borges e adaptação de cartoons, notícias de imprensa, livros da especialidade e relatórios europeus sobre Igualdade de Género | Apoio técnico: Isabel Ramos | Interpretação: Alicia Gómez, Joana Costa, Sofia Borges e José Abrantes | Tema Musical: “Os Maridos das Outras”, de Miguel Araújo | Produção: Casa de Vilar - Associação Cultural e Artística.

Fonte: Foto e texto: CCC

Em 30 outubro 2025 às 21h30 - Pequeno Auditório CCC


22/10/25

Instante Fotográfico


 proximidades da Nazaré

Fiel - o cão salvo


Ele ficou esperando durante 11 dias. Era uma segunda-feira comum de agosto quando passou pela primeira vez pela rodovia. Eu estava voltando do trabalho, cansado, com a cabeça cheia de problemas. Mas algo me fez olhar para o acostamento. Um cachorro vira-lata, magro, sentado no meio do mato, olhando fixamente para os carros que passavam. Como se estivesse procurando alguém. Pensei: "Deve estar esperando o dono voltar." E segui meu caminho. Na terça-feira, ele ainda estava lá. Mesma posição. Mesma expressão. Olhando cada carro que passava com aqueles olhos cheios de esperança que ia morrendo a cada veículo que não parava. Quarta-feira. Lá estava ele. Só que agora mais magro. A pelagem suja de terra e chuva. Eu parava às vezes, mas ele não se aproximava. Apenas olhava para mim, depois voltava a olhar para a estrada. Como se dissesse: "Não é você que eu estou esperando." Passei a deixar comida e água. Ele comia, mas nunca saía daquele lugar. Nunca deixava de vigiar a pista. Quinta. Sexta. Fim de semana inteiro. Ele ali. Chovesse ou fizesse sol. Carros passando a 100 por hora, buzinando, quase atropelando. Mas ele não se movia. Apenas esperava. Na segunda semana, conversei com moradores da região. Foi quando descobri: o dono dele tinha morrido em um acidente de moto naquela mesma rodovia, há 11 dias. Exatamente onde o cachorro estava. Ele não estava perdido. Ele estava lá de propósito. Esperando por alguém que nunca mais voltaria. Meu coração se partiu. Tentei pegá-lo, levá-lo para casa, tirá-lo daquela espera dolorosa. Mas ele resistia. Chorava. Uivava. Como se ir embora fosse trair a memória de quem ele amava. Foi preciso a ajuda de uma ONG de proteção animal. Eles vieram com equipamento, experiência, paciência. E mesmo assim, levou horas. Ele lutou até o último segundo para ficar. Porque para ele, aquele não era apenas um pedaço de estrada. Era o último lugar onde seu humano esteve vivo. Era o único lugar onde eles ainda estavam juntos, de alguma forma. Hoje, dois meses depois, ele está aqui em casa. Eu o batizei de Fiel. Porque não consegui pensar em nome melhor. Ele se adaptou bem. Come, brinca, dorme na minha cama. Mas toda vez que saímos de carro e passamos por aquela rodovia, ele fica inquieto. Olha pela janela com aquela mesma expressão. Procurando. Sempre procurando. As pessoas me dizem: "Que sorte você deu a ele." Mas a verdade é outra. A sorte foi minha. Porque Fiel me ensinou algo que eu tinha esquecido: o que significa amar alguém de verdade. Sem condições. Sem desistir. Mesmo quando todo mundo já foi embora. Mesmo quando a única coisa que resta é esperar. E se você acha que isso é "só um cachorro de rua", então você nunca viu amor de verdade. Porque amor de verdade não escolhe raça, pedigree ou valor de mercado. Amor de verdade fica. Mesmo depois que tudo acabou. Mesmo quando não há mais esperança. Amor de verdade espera 11 dias debaixo de sol e chuva por alguém que nunca mais vai voltar.


 

Passos Coelho

 


Joaquim  Letria

Escreveu:

"AI, SE PASSOS COELHO FOSSE HONESTO!

▪︎

 Se Passos Coelho tivesse começado por congelar as contas dos bandidos do seu partido, que afundaram o país, seria hoje um primeiro ministro que veio para ficar;

Se Passos Coelho tivesse despedido, no primeiro dia da descoberta das falsas habilitações, o seu amigo Relvas, seria hoje um homem respeitado;

Se Passos Coelho tivesse começado por tributar os grandes rendimentos dos tubarões, em vez de começar pela classe média baixa, hoje toda a gente lhe fazia uma vénia ao passar;

Se Passos Coelho cumprisse o que prometeu, ou pelo menos tivesse explicado aos portugueses porque não o fez, era hoje um Homem com H grande.

Se Passos Coelho, tirasse os subsídios aos políticos em vez de roubar os reformados, era hoje um homem de bem;

Se Passos coelho reduzisse para valores decimais as fundações e os observatórios, era hoje um homem de palavra.

Se Passos Coelho avançasse com uma Lei anticorrupção de verdade, doesse a quem doesse, com os tribunais a trabalharem preferencialmente nela, seria já hoje venerado como um Santo...etc. etc. etc.

MAS NÃO!!!!

PASSOS COELHO É HOJE VISTO COMO UM MENTIROSO, UM ALDRABÃO, UM "YES MAN" AO SERVIÇO DAS GRANDES EMPRESAS, 

DA SRA. MERKEL, DE DURÃO BARROSO, DE CAVACO SILVA, 

MANIPULADO A TORTO E A DIREITO PELO MAIOR VIGARISTA DA HISTÓRIA DAS FALSAS HABILITAÇÕES MIGUEL RELVAS,

É VISTO COMO UM ROBOT DO OUTRO ROBOT SEM ALMA E CORAÇÃO, o Sr. VITOR GASPAR."

Fonte: Fernanda Fusco


Aguarela



aguarela - ( ensaios) 

 

Instante Fotográfico


em Óbidos - outubro 2025

 

21/10/25

Gisela Casimiro - Diga 33




Gisela Casimiro
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O mundo parece caminhar para o abismo. Na Ucrânia, a guerra perdura com drones a sobrevoarem os céus de vários países europeus. A ameaça do conflito alastrar nunca foi tão provável. As imagens que chegam da Palestina são apocalípticas, adquirindo contornos inacreditáveis quando escutamos vários líderes mundiais a justificar o injustificável. Face a isto, o chamado direito internacional acabou atirado para a fogueira. Nos EUA, perseguem-se imigrantes, separam-se famílias, deportam-se pessoas como quem caça gado. Por cá, o discurso de ódio alastra, o racismo banaliza-se, as redes sociais propagam gestos e actos e insultos legitimados por uma Assembleia da República onde tudo é já possível. Por vezes, parece estarmos a viver dentro de um pesadelo em que entre ficção e realidade deixa de haver qualquer fronteira. 
Qual o lugar da poesia num mundo assim? Ainda há espaço para a beleza? Diga 33 – Poesia no teatro é também um espaço de diálogo que busca reconciliar-nos com o mundo. 
Em Outubro, o Teatro da Rainha receberá a escritora, artista, tradutora, performer e activista Gisela Casimiro (Guiné-Bissau, 1984) para uma conversa que, entre outros temas, procurará reflectir o racismo e a literatura. 
Dia 21 de Outubro, às 21h30, na Sala Estúdio do Teatro da Rainha.
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Sobre a escritora Gisela Casimiro:

Escritora, artista, tradutora, performer e activista, Gisela Casimiro (Guiné-Bissau, 1984) estudou Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Fez parte da associação anti-racista e feminista INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal, criada por Joacine Katar Moreira, e é membro da UNA – União Negra das Artes. 
Publicou dois livros de poesia pela Urutau: “Erosão” (2018) e “Giz” (2023). Um poema seu afixado na rua foi alvo de um processo judicial por chamar a atenção para o racismo nas forças policiais. O caso acabou arquivado. Em 2023, reuniu crónicas e textos de não-ficção no volume “Estendais” (Editorial Caminho). É autora do texto e dramaturgia de “Casa com Árvores Dentro” (Co-produção da Companhia de Actores, Centro de Artes de Ovar e RTP2, 2022), peça encenada por Cláudia Semedo, e foi uma das autoras participantes na décima sétima edição do projecto PANOS – palcos novos palavras novas, do teatro Nacional D. Maria II, com a peça “Vida: Uma aplicação”. Trabalhou ainda com Ana Borralho e João Galante, mala voadora, Sónia Baptista e Romeo Castellucci. Expões as suas obras n’O Armário, Balcony, ZDB – Zé dos Bois, Galerias Municipais do Porto e de Lisboa, Galeria Municipal de Almada, MACE – Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Reocupa, Appleton e Museu Afro-Brasil Emanoel Araújo. Participou em várias antologias nacionais e internacionais, estando alguns dos seus textos traduzidos para turco, mandarim, alemão, espanhol e inglês. Traduziu para português o livro “Irmã Marginal”, de Audre Lorde (1934-1992), escritora, filósofa, poeta e activista norte-americana.
Temas não faltarão, nem poemas que ajudem a respirar nestes tempos de dúvida. A conversa estará, como sempre, aberta a quem nela pretenda participar.
REFÉNS
Reféns do passado, dos atrasos, dos sonhos adiados.
Reféns da casa onde vivemos,
a de agora e a de outro tempo.
Reféns do corpo, do dinheiro, do trabalho.
Reféns da falta de tempo e do tempo malgasto.
Reféns do tempo e do mau tempo.
Reféns do tempo em que.
Reféns uns dos outros.
Reféns da moda, da comida, da TV,
das revistas, dos telefones
e dos computadores, das decisões, das paixões,
do medo e do modo de agir que nos leva a não agir de todo.
Reféns do escuro e do seu oposto.
Reféns do orgulho, da crise, do governo,
das prioridades dos meios-termos.
Reféns dos termos, se os houver, certos ou incertos.
Reféns de pensar, de sentir, de dar e de tirar.
Reféns do desabafo, de pedir emprestado.
Reféns do passado.
Reféns da fé e do pecado.
Reféns da bondade.
Reféns da maldade.
Reféns às vezes por acaso,
mas quase sempre por vontade.
Gisela Casimiro, in "Erosão", Urutau, 2002, pp. 24-25. 

Fonte: Foto & texto: ARRE - Teatro da Rainha

 

05/10/25

A Ofensa

 



Hoje reuniu o Clube de Leitura da Casa da Cultura de São Martinho do Porto. O livro do mês em análise, foi a "Ofensa" do escritor espanhol, Ricardo Menéndez Salmón. 

Sinopse:
Se o corpo é a fronteira que cada um de nós e o mundo, como pode o corpo defender-nos do horror? Quanta dor pode um homem suportar? Pode o amor salvar aquele que perde a esperança? São estas algumas das perguntas implícitas em A Ofensa, a história de Kurt Cruwell, um jovem alfaiate alemão empurrado pelo nazismo para o vórtice de uma experiência radical e insólita. Metáfora de um século trágico, viagem vertiginosa às raízes do Mal. 
- Menéndez Salmón -

“Um romance duro, elegante, belíssimo. A epopeia de uma anomalia”
- Henrique Vila-Matas

“Um romance poderoso, de grande originalidade e altamente comevedor”
- Rosa Montero

“Um desenlace francamente magistral”
- José Maria Pozuelo Ycancas, ABC
 
“A Ofensa, não nasce desse ´costumbrismo sentimental e grosseiro que abunda no actual romance espanhol; nem tão pouco dessa narrativa pop e chispante que se julga altamente provocativa. Nada disso. A escrita de Menéndez Salmón surge de onde surgiu a melhor literatura: da necessidade de responder às grandes perguntas sobre a vida e o mundo em que vivemos”.

- Fernando Menéndez, Lietaruras.com