Diga 33 — Poesia no Teatro | Indulgência Plenária, de Alberto Pimenta
Leitura aberta por Henrique Manuel Bento Fialho
1 de Abril (21h30) | Sala Multiusos do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha
Por leitura aberta entendemos uma hipótese de leitura, como, de resto, são todas as leituras que não se arroguem na pretensão de determinar sentidos unívocos no domínio da interpretação de um texto. Não se trata propriamente de uma aula, porque as aulas pressupõem a transmissão de um saber. Aqui estamos no território da partilha, a partilha de uma possibilidade com que o texto poético nos desafia: inventarmos sobre aquilo que nos diz. Indulgência Plenária, de Alberto Pimenta, teve uma primeira edição, pela saudosa &etc, em 2007. Foi reeditado pela Língua Morta em 2018. Na raiz deste poema-livro está o brutal assassinato, precedido de tortura, de Gisberta Salce Júnior, transexual brasileira a quem catorze adolescentes, entregues a uma instituição católica, roubaram a vida no Porto em 2006. Dividido em cinco partes, o poema é percorrido por inúmeras referências que vão da mitologia greco-romana ao teatro de Shakespeare, da poesia de Walt Whitman à arte de Fernando Botero, à poesia de Petrarca ou à ópera de Vincenzo Bellini, referentes culturais que se misturam com mictórios de aeroportos, bares, casas de putas e ruas despojadas de Amor. Identificar e tentar perceber como se conjugam tais referências neste réquiem por Gisberta, será o nosso contributo para a sabotagem dos discursos social e esteticamente dominantes. - Henrique Manuel Bento Fialho -
Fonte: Texto e foto: Teatro da Rainha