05/04/25

alegoria das cavernas

 


Reality Show, de Alberto Pimenta - leitura encenada por Fernando Mora Ramos
(4 e 5 de Abril, às 21h30)

“Reality Show ou a alegoria das cavernas”, poema em três actos de Alberto Pimenta, foi originalmente publicado pela Mia Soave em Fevereiro de 2011. Neste poema dilacerante, Pimenta percorre a dialéctica subjacente aos regimes totalitários, em que a violência é indispensável à sobrevivência da estrutura de poder. O reality show, neste caso, é a própria sobrevivência da humanidade no teatro da guerra que Pimenta já abordara em O Labirintodonte, palco onde a performance individual se confunde com as ignaras batalhas travadas por um exército de iludidos. Texto lúcido-lúdico sobre o modo como os gameboys de guerra educam justamente as novas gerações para a aceitação da violência como algo normalizado, este poema é a expressão de uma humanidade em queda, a pique, caindo para o interior de um poço escuro que é a caverna da desinformação, das fake news, da glorificação da barbárie, da propaganda, das teorias da conspiração, da mentira que por aí se propaga em rede ao serviço de um caos que só interessa a quem não lucra com a verdade.

Ficha Artística
Encenação | Fernando Mora Ramos
Performers | Fábio A. Costa, Fernando Mora Ramos, José Carlos Faria, Nuno Miguens Machado e Tiago Moreira

Local
Sala-Estúdio | Praça da Universidade, Edifício 2, 2500- 208 Caldas da Rainha

Texto e foto: ARRE - Teatro da Rainha

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02/04/25

Indulgência Plenária

 



Diga 33 — Poesia no Teatro | Indulgência Plenária, de Alberto Pimenta

Leitura aberta por Henrique Manuel Bento Fialho

1 de Abril (21h30) | Sala Multiusos do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha

Por leitura aberta entendemos uma hipótese de leitura, como, de resto, são todas as leituras que não se arroguem na pretensão de determinar sentidos unívocos no domínio da interpretação de um texto. Não se trata propriamente de uma aula, porque as aulas pressupõem a transmissão de um saber. Aqui estamos no território da partilha, a partilha de uma possibilidade com que o texto poético nos desafia: inventarmos sobre aquilo que nos diz. Indulgência Plenária, de Alberto Pimenta, teve uma primeira edição, pela saudosa &etc, em 2007. Foi reeditado pela Língua Morta em 2018. Na raiz deste poema-livro está o brutal assassinato, precedido de tortura, de Gisberta Salce Júnior, transexual brasileira a quem catorze adolescentes, entregues a uma instituição católica, roubaram a vida no Porto em 2006. Dividido em cinco partes, o poema é percorrido por inúmeras referências que vão da mitologia greco-romana ao teatro de Shakespeare, da poesia de Walt Whitman à arte de Fernando Botero, à poesia de Petrarca ou à ópera de Vincenzo Bellini, referentes culturais que se misturam com mictórios de aeroportos, bares, casas de putas e ruas despojadas de Amor. Identificar e tentar perceber como se conjugam tais referências neste réquiem por Gisberta, será o nosso contributo para a sabotagem dos discursos social e esteticamente dominantes.  - Henrique Manuel Bento Fialho -

Fonte: Texto e foto: Teatro da Rainha


01

02

Fonte: Foto 01 e 02 - Margarida Araújo 







Poemas Num Mar Inquieto

 


Enigmático o mar em que navego,
Imprevisto no horizonte que se avista,
Traz no bojo as inquietações que carrego
Na descoberta e na conquista;
Me assusta no manto de calmaria,
Me incita na revolta tempestade
Em que se agita e extasia
Na procura de alguma secreta divindade.
Carece-me o instinto e o saber
Dos ancestrais e míticos argonautas
Rompendo o absoluto desconhecido
Onde tudo podia acontecer
Seguindo ao som de primitivas flautas
Num enfrentar férreo e destemido.
Em tudo é preciso o querer e a invenção,
A luta,
Num mar inquieto que se agita;
Na essência, toda a criação
Traz o sangue da labuta.




Sinopse:
Aqui nos encontramos muito com uma poesia construída no sobressalto dos sentidos e pouco com aquela saída do esforço oficinal. O autor procurou celebrar o amor, a mulher, a vida e ainda lançar o olhar sobre o mundo à sua volta. Viajou pelos sentimentos, as emoções, os sonhos e fez incursões até aos longínquos lugares da sua memória. A tudo isto batendo nos poemas como diria o imenso Herberto Hélder e sempre reparando porque pôde olhar e ver seguindo o conselho do enorme Saramago.

Editor: Cordel D' Prata
Onde pode encontrar o livro: Bertrand ; Wook
Lançamento em Janeiro de 2025