03/10/23

Rosa Mota


"Há em Rosa Mota uma lição, uma escultura de vida, um manual vivo, sempre actualizado, do que falta a tantos de nós. E falo por mim, de mim. Não tenho o que a Rosa tem. É lamentável, mas não tenho. Não tenho a alma que vem sabe-se lá de onde, a capacidade de no meio das fraquezas encontrar caminhos. A vida é uma maratona, ela sabe-o melhor do que ninguém. A diferença é o que fazemos nessa maratona. Alguns dão tudo no começo, ficam eufóricos, parece tudo fácil. Depois chega o cansaço, o desânimo, e desistem, ficam pelo caminho. Outros começam a gerir demais, a pensar demais, a medir demais, a racionalizar demais. Depois quando querem acordar já é tarde demais, já a frente da corrida está inalcançável, já a oportunidade se perdeu. Uma maratona, uma vida, é um jogo de xadrez interno: um diálogo interior. Há que encontrar um equilíbrio muitas vezes impossível para o mais normal dos mortais. Como conseguir estar equilibrado no meio do caos, do stress, do cansaço, das dores, das expectativas frustradas, das putas das perdas? O segredo é a narrativa, o segredo é sempre a narrativa. A história que contamos a nós mesmos. É essa história, a que contamos a nós mesmos, e não a que realmente acontece cá fora, a que nós vivemos. A Rosa é um génio da maratona, um génio da vida. Temos tanto a aprender com ela. Obrigado e parabéns, campeã. És a maior."

Pedro Chagas Freitas

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