20/11/23

The Old Oak

 




Ken Loach realiza o drama, com Dave Turner, Ebla Mari e Claire Rodgerson nos principais papéis. O crítico Francisco Ferreira dá-lhe três estrelas. Chega esta quinta-feira aos cinemas

O novo filme de Ken Loach decorre em Durham, pequena cidade do norte de Inglaterra, na zona circundante a Sunderland e Newcastle, e passa-se em 2016, data importante para o desfecho da recente Guerra da Síria (um assunto com relevância para a história do filme). Uma pacata comunidade de ex-mineiros ingleses, quase todos no desemprego, vê chegar, desconfiada, uma nova vaga de refugiados sírios que ali se instalam temporariamente, à procura de vida digna.

O choque social, a crispação cultural e o racismo sistémico não tardam a vir à tona com violência e, do lado dos recém-chegados, o argumento de Paul Laverty (habitual guionista de Loach) dá ênfase à personagem de Yara (Ebla Mari), uma jovem síria com vontade de singrar como fotógrafa — e esta é uma excelente ideia já que a sua capacidade de observação é muito superior a nível ético e moral ao dos seus novos vizinhos.

Tal como tantas vezes acontece no cinema de Loach, uma relação de amizade sincera vem então pôr água na fervura da incompreensão, com Yara a ser acolhida por TJ Ballantyne (Dave Turner, ator que tinha papel secundário em “Eu, Daniel Blake”), o dono do decrépito pub do título em que aquela comunidade se encontra.

“O Pub The Old Oak” é um filme de compaixão por seres humanos em situação de fragilidade extrema. Ao mesmo tempo olha para dentro e espelha os preconceitos da working class inglesa que Loach filma desde sempre. Na verdade, há por ali britânicos quase tão vulneráveis como os sírios que chegaram sem nada. Loach aproxima então o que parece ser inconciliável, deixa a esperança crescer, abre as portas ao perdão.

Não é um filme tão forte, nem tão emotivo, como “Eu, Daniel Blake” mas Ebla Mari, que Loach descobriu no processo de casting (mais uma intérprete sem experiência lançada pelo veterano britânico) é extraordinária e justifica a visita por inteiro.

Texto de Francisco Ferreira  / Jornal Expresso



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Um filme forte, muito forte que deveria fazer envergonhar todos, por durante centenas de anos ainda não termos resolvido os problemas que nos afligem todos os dias, sobretudo o medo de um momento para o outro perdermos tudo por conta de extremismos e de gente selvagem que nos governa por esse mundo fora. Não se pode ficar diferente. Fazendo alusão a uma citação do filme, como estaremos nós daqui a mil anos?  




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