10/06/24

Pobreza



A pobreza mata

Na aldeia de Fermentões e outras que se escondem atrás dos montes das labaredas, e até mesmo nas vielas das cidades, fermenta a morte. A pobreza mata estejamos ou não às portas do Natal. Por falta de condições mais básicas e prementes, famílias são dizimadas, no século XXI, o de maiores avanços científicos e tecnológicos.
Morre-se em Portugal à fome e ao frio, de Sagres até Porto Moniz. Por falta de pão certo, e de calor, até humano. Para que as desgraças não sejam maiores, os portugueses fazem milagres e inventam conforto para cobrirem os dias duros e agrestes. Acendem braseiros e morrem envenenados. Ligam geradores de energia a gasóleo, e adormecem gaseados. Adormecem sob a luz do candeeiro velho, anestesiados por discursos de são Bento e de Belém. 
Até ao Natal, bom e mau, vão nascer mais tragédias como a que sobrou de Sabrosa, Vila Real.
Portugal é feito de gritos de raiva abafada, e onde o sossego sofrido se reflecte, nos olhos baços, de onde caem lágrimas, cheias de dor. Oh Portugal, Portugal!

Joaquim A. Moura, de Penafiel à Revista Sábado





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