09/08/24

Livro: Luxúria


O livro "Luxúria" foi lido em tempo recorde. Menos de vinte e quatro horas. Perde-se no tempo a ultima vez que me aconteceu tal feito. Escrito pelo jornalista italiano Emiliano Fittipaldi, também autor de outro livro da mesma temática, “Avareza”, os documentos que expõem a riqueza, os escândalos e os segredos da Igreja Católica presidida pelo Papa Francisco. Segundo os dados biográficos do autor para contextualizar o seu trabalho de investigação, nasceu na cidade de Nápoles no ano de 1974. Jornalista do L'Espresso, colaborou também com o Corriere della Sera e com o jornal Mattino. Pelo seu trabalho de investigação e de credibilidade recebeu os prémios Ischia, Gaspare Barbiellini Amidei e Sodalitas.

O seu trabalho jornalístico de investigação é transversal a inúmeros países onde a influência Católica é proeminente. Estados Unidos, Espanha, México, Brasil, Chile, Itália, entre outros tantos países, são a fonte desmesurada de dados recolhidos, que se traduzem num relato demasiado perturbador e profundamente chocante. Chocante porque é um autêntico atestado de incompetência das autoridades eclesiásticas Católicas perante um flagelo demasiado abafado que é o da pedofilia e da homossexualidade, não só pelos órgãos eclesiásticas, mas também pelas comunidades cristãs e respetiva comunicação social. 

Este livro é apenas uma pequena voz dos milhares de vítimas silenciosas em sofrimento por causa da pedofilia descarada e evidente dos clérigos, durante parte do Sec. XX e atual, para não falar em outros tempos mais recuados. Uma investigação na primeira pessoa, que me deixou completamente aziado. Não imaginava que os factos demasiados evidentes fossem tão graves e ainda mais do atual Papa encobrir tudo isso com um discurso mascarado às massas, mas com uma prática de encobrimento que permite a continuação dos crimes dos clérigos, perdoando, e esquecendo. O que mais me indigna são os milhões de euros e dólares utilizados para abafar investigações, para comprar o silêncio das vítimas, muitas das quais se suicidaram. 

Como é possíveis os luxos e prémios que os padres obtinham, desacreditando quem os criticava com as chamadas inverdades dos menores, rapazes e raparigas, ao longo de anos e anos sem poderem falar ou provar. Como é possível premiar os pervertidos, deslocando-os de paróquia em paróquia, como se nada fosse, na sua maioria sem punição na justiça por conta da proteção religiosa que os Estados assinaram com o Vaticano. Como é possível mandar os padres rezar Ave-Marias pelos pecados de pedofilia e assim estavam desculpados continuando a perverter outros adolescentes noutras paróquias por onde transitavam. Não é possível viver dignamente numa sociedade, onde se esperava mais respeito, seriedade, ética, fosse um antro de corrupção passiva, como se pode deduzir facilmente da leitura desde livro. Aconselho vivamente a sua leitura. Ainda assim relembro, que apesar das ovelhas negras do sistema, ainda existem, que constitui a maioria dos padres que são um exemplo digno de serviço ao próximo. 

João Eduardo


Sem comentários: