18/09/24

Falar dele no céu de uma paisagem


Poemas de: A. Dasilva O., Amadeu Baptista, Ana Paula Inácio, António Cabrita, António de Miranda, Carlos Alberto Machado, Catarina Santiago Costa, Helena Costa Carvalho, Henrique Manuel Bento Fialho, Inês Dias, Jaime Rocha, João Alexandre Lopes, João Paulo Esteves da Silva, Jorge Velhote, Jorge Vicente, José Ricardo Nunes, Levi Condinho, Luis Manuel Gaspar, m. parissy, manuel a. domingos, Margarida Vale de Gato, Maria F. Roldão, Maria João Cantinho, Marta Chaves, Miguel Cardoso, Miguel de Carvalho, Miguel Manso, Miguel Rego, Nicolau Saião, Nuno Moura, Paulo Correia, Raquel Nobre Guerra, Ricardo Marques, Rita Taborda Duarte, Rosalina Marshall, Rui Almeida, Rui Pedro Gonçalves, Rui Tinoco, Sandra Costa, Sónia Oliveira,  Teresa M. G. Jardim, Vasco Gato, para Mário Ferreira da Silva Botas23 de Dezembro de 1952 / 29 de Setembro de 1983). Capa e ilustrações de Alexandre Esgaio. 



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Os Cães de Mário Botas
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Os cães de Mário Botas
não tem título, repousam
serenos sobre sofás literários
e galgam o colo dos donos
como se tivessem asas.
São cães alados, gregos,
nazarenos que ouvimos
uivar em noites de tormenta.
Há deles que rosnam
com bocas hiantes
ou sobem aos telhados
imitando felinos com cio,
não esgaravatam sobras
nem farejam rabos,
abraçam-se humanamente
caninos. São cães leais
com os quais simpatizamos
por neles não reconhecermos
a morte canídea que nos
roubou sentido à vida
quando ainda mal nascêramos.

Henrique Manuel Bento Fialho

Edição conjunta volta d´mar e Biblioteca da Nazaré.
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Leitura na praia de Salir do Porto. Um misto de poesia e brisa do mar, foram os ingredientes mais que suficientes para digerir as 90 páginas deste livro.



Salir do Porto 



17/09/24

Zetho Cunha Gonçalves


Em 17 de Setembro realizou-se  mais uma sessão de Diga 33 – Poesia no Teatro. Zetho Cunha Gonçalves foi o poeta convidado. Nascido na cidade do Huambo, Angola, a 1 de Julho de 1960, coligiu recentemente o seu singularíssimo labor poético num volume intitulado “Noite Vertical. Poemas Reunidos (1979-2021)”, galardoado com o I Prémio dstangola/Camões. Poeta, autor de literatura para a infância e juventude, ficcionista, organizador, antologiador e tradutor de poesia, está traduzido em diversas línguas. Na sua poesia ressoam os ensinamentos da ancestralidade, marcada que está por um intenso e apaixonado trabalho de transversões da tradição oral e da chamada poesia primitiva de várias latitudes, com especial incidência nas tradições angolana e moçambicana.

A poesia não é de agora, nem sequer desses tempos em que Gutenberg revolucionou a palavra impressa. Anterior às edições em pergaminho e papiro é a poesia. Se aceitarmos que o “Épico de Gilgameš” é o mais antigo livro de que há memória, então a poesia já se fixava em placas de barro na escrita de babilónios e assírios. Mas estamos em crer que também anterior a essas doze placas, conservadas em assépticas salas de museu, era já a poesia. Há toda uma tradição oral que nos remete para os tempos primitivos da arte poética, essa arte de dizer como tudo pode ser outra coisa. Como tudo é outra coisa.

Octavio Paz interessou-se pela ancestralidade do poema, perscrutando a herança cultural mexicana para na sua matriz entender melhor a liberdade hipotecada pelos contemporâneos. Henri Michaux sentiu-se arrebato por formas distantes no tempo e no espaço, buscando-as nos ideogramas chineses, no hinduísmo, no ascetismo místico. Por cá, Herberto Helder incluiu na sua “Poesia Toda” um “O Bebedor Nocturno” repleto de enigmas e de mistérios ancestrais e “As Magias” respigadas entre uigures, pigmeus, dincas, comanches, etc. Entre nós, neste tempo rendido à religião tecnológica, ninguém como Zetho Cunha Gonçalves tem levado tão a sério o mergulho na «força imagística e sage» da traição oral, na sua extraordinária atemporalidade e beleza. É com ele que vamos falar no próximo Diga 33 – Poesia no Teatro.

Zetho Cunha Gonçalves (Huambo, Angola, 1960) passou a infância e a adolescência no Cutato, pequena povoação na Província do Cuando-Cubango a que chama a sua «pátria inaugural da Poesia». Estudou no Colégio Alexandre Herculano, na cidade do Huambo, e Agronomia na extinta Escola de Regentes Agrícolas de Santarém. Poeta, autor de literatura para a infância e juventude, ficcionista, tradutor de poesia, exerceu variadíssimas profissões. Foi coordenador da página literária «Casa-Poema da Língua Portuguesa» no jornal Plataforma, de Macau, e da secção cultural da revista África 21. É membro da União dos Escritores Angolanos. Traduzido em várias línguas, tem participado em colóquios e encontros literários de vários países. A ele devemos também um relevante trabalho de organização das obras poéticas de outros autores, de que são exemplo “Uma faca nos Dentes”, de António José Forte, ou a “Obra Poética 1953-1993”, de Luís Pignatelli. Em 2018, o seu nome foi proposto para Prémio Nobel de Literatura. Em 2019, “Noite Vertical”, obra publicada em 2017, foi galardoada com o I Prémio dstangola/Camões. A sua obra está reunida no volume “Noite Vertical. Poemas Reunidos (1979-2021)”, edição da Maldoror, Lisboa, 2021.

Com Zetho Cunha Gonçalves vamos falar do seu singular percurso poético, das aproximações possíveis à ancestralidade, da Angola de infância, da sua relação mais ou menos próxima com os autores invocados nos poemas em prosa de “A Labareda Inconspurcável”, desse trabalho minucioso e criativo que consiste em trasladar da tradição oral para uma forma fixa aquilo que é “Sem Remédio” (Tradição oral engouda): «Sem remédio / é a velhice. // Porém, / a nenhum desmemoriado / se lhe olvida — a boca.»


Texto e fotos: ARRE - Teatro da Rainha - Caldas da Rainha



Diversidade intelectual...







 

16/09/24

Cultartis na biblioteca


















Encontra-se em exposição a Cultatris na Biblioteca Municipal de 13 de Setembro a 26 de Outubro de 2024. A exposição é composta por trabalhos de pintura, fotografia e escultura de diversos autores. 




 

15/09/24

Colombo em apuros


 






















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Colombo em apuros, um espetáculo teatral com Paulo Patrício e João Patrício, para além da participação e interação do publico presente.
O espetáculo realizou-se em Santarém no Círculo Cultural Scalabitano.

 
 
15 Setembro 2024