Sinopse
Uma pequena olaria, um centro comercial gigantesco. Um mundo em rápido processo de extinção, outro que cresce e se multiplica como um jogo de espelhos onde não parece haver limites para a ilusão enganosa. Este romance fala de um modo de viver que vai sendo cada vez menos o nosso e assoma-se à entrada de um brave new world cujas consequências sobre a mentalidade humana são cada vez mais visíveis e ameaçadoras. Todos os dias se extinguem espécies animais e vegetais, todos os dias há profissões que se tornam inúteis, idiomas que deixam de ter pessoas que os falem, tradições que perdem sentido, sentimentos que se convertem nos seus contrários. Fim de século, fim de milénio, fim de civilização.
Caligrafia da capa por Eduardo Lourenço
José Saramago
Prémios:
- Prémio à Cooperação Internacional CajaGranada
- Prémio Nobel da Literatura
- Prémio Camões
- Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores
- Prémio The Independent Foreign Fiction
- Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores
Texto: Bertrand
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Mais uma agradável leitura no universo José Saramago, desta vez o livro "A Caverna" publicado no ano de 2000. José Saramago habituou-nos a uma escrita muito própria, para além das fronteiras da pontuação, constrói um panorama de observação do mundo que o rodeia, que passados vinte e quatro anos, continua assustador, sem que se tivesse alterado tudo aquilo que ele predestinava naquela época. Pelo contrário, tudo se agravou. Para além de uma história muito bem construída, reflexiva, fica o desânimo que a vida que esta sociedade está construindo, e que no fundo são as ações conjuntas de todos nós, revela que cada vez mais estamos alimentando, vendendo o nosso carácter em nome de valores materiais que só destroem a nossa essência. Daqui a vinte e quatro anos, temo que estaremos no abismo...
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Citação Wikipédia:
A Caverna é um romance da autoria de José Saramago e publicado em 2000. Nele disseca-se, através da história de pessoas comuns, o impacto destruidor da nova economia sobre as economias tradicionais e locais. Trata-se da história de uma família de oleiros que vê sua vida transformada com a chegada de um grande centro de compras à cidade. O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna, mas a história vai além dessa comparação e traça paralelos inclusive com o mito da caverna de Platão e a questão dos simulacros. Em A caverna, Saramago recobra o mito de Platão para discutir o capitalismo em uma sociedade em que as pessoas tornaram-se apenas profissões, sombras.
Personagens:
- Cipriano Algor - tem profissão de oleiro, é um viúvo com 64 anos. Os seus produtos artesanais deixam de ter valor comercial devido à produção de plástico.
- Marta - filha de Cipriano, produz estatuetas. Vai ter um apartamento no Centro, apenas com 2 janelas e que não podem ser abertas;
- Marçal Gacho - guarda interno (marido da Marta)
- Cão Achado
- Isaura - viúva que se encontra com Cipriano no cemitério
Trecho:
"A partir desse dia, Cipriano Algor só interrompeu o trabalho na olaria para comer e dormir. A sua pouca experiência das técnicas fê-lo desentender-se das proporções de gesso e água na fabricação dos tecelos, piorar tudo quando se equivocou nas quantidades de barro, água e desfloculante necessárias a uma mistura equilibrada da barbotina de enchimento, verter com excessiva rapidez a calda obtida, criando bolhas de ar no interior do molde."
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