04/06/23

A Solidão




ensaio
(...)
Às vezes estamos sós. É nestas alturas que lamentamos o quanto é importante não estarmos apenas sós... Nesses instantes as palavras quando existem cruzam-se no ar, doidas, às voltas, como que perdidas à procura de um poiso, de um sentido...Ou simplesmente à procura de atingir um destinatário desejado. Não se controla os pensamentos quando estamos sós, eles são milhentos no universo da vida que nos rodeia. Neste universo do só, porventura os meus sentimentos são semelhantes a outros que estão nas mesmas condições. Não os conheço, mas partilho a minha solidariedade silenciosa. No conjunto todos "sofremos" essa solidão de forma diferente, a nossa...Não penses que só tu sofres, eu também, cada um de nós à sua maneira. Valerá a pena sofrer? A vida não merece que nos comportemos dessa forma... Alguém muito querido no passado, morreu na cruz. Alguém da religião predominante afirmou que ele morreu por todos nós abarcando todos os sofrimentos humanos. Mas é uma falsidade que os sofrimentos não acabaram, pelo contrário aumentaram... E por essa razão pretensiosa da religião, deveríamos estar felizes e gratos para a eternidade dos tempos... Podíamos até fingir essa felicidade. Muitos até o fazem, fingem-se felizes perante os outros. Ficam bem na fotografia das aparências. Depois disso cai o pano no palco do teatro da vida. Nessa altura caem as lágrima que secam na face ao fim de algum tempo. Esgotam-se simplesmente. Lamenta-se a falta de amor, do amor por alguém do passado, do presente ou do que ainda está para vir mas ainda não sabe. Nem eu. Apenas e só o toque de alguém, saciar a fome de desejo e esquecer por alguns momentos que não se está só. É nestas alturas que alimentamos o drama de não ter alguém que nos deia o ombro, o toque dos sentidos, a razão da existência. Viver a felicidade. Mas a vida sendo certa que é uma certeza em cada um de nós, já o não é quando procuramos algo mais que nos ocupe o espaço dos sentidos, que nos humedeça a pele, mesmo que seja em silêncio. Nestas alturas as incertezas não existem, só certezas absolutas, mesmo que aparentes. Só tu, e só tu, passado, presente e futuro podem preencher o meu vazio. 
(...)
continua...

Adaptado de um original escrito em 15 Julho 1997



Sem comentários: