23/06/24

Assim Assim


 
Este é um filme de Sérgio Graciano, com um grande leque de atores sobejamente conhecidos para quem vê televisão, sobretudo novelas, que não é o meu caso. Confesso que no final, fiquei deprimido com as diversas histórias que são desvalorizadas por quem nunca viveu este tipo de relações, ou no mínimo nunca passou por elas. Isto para dizer que tive curiosidade de ir ler algumas criticas ao filme por parte de críticos "profissionais" e os outros críticos "do público" que tudo sabem e para tudo tem soluções... Só não explicam o tipo de mundo de "merda" em que nos encontramos. Fá-los pensar! É mais fácil enrolar-se com a vizinho/a do lado. Com certeza que o que conta são as nossas perceções da vida, e cada um tem os seus, mas desvalorizar violentamente sem humildade os dilemas que outros passam, parece-me do mínimo reflexo de superioridade, que é coisa que não devíamos ter ou de considerar. Somos (todos iguais), embora assim não seja. Teorias e utopias, está o mundo cheio neste inferno que construímos todos os dias. O Filme é de 2010. Está atual? Demasiado atual. O que vi neste filme - assim - assim - continua... Catalogado no género Comédia, pelos que são entendidos no assunto, para mim é mais uma tragédia existencial. Histórias de pessoas que se cruzam na rua com pseudo amigos, ou amigos, pressupostamente vivendo relações complicadas, fazem deste filme, a demonstração ao de "leve" o quanto parece nada fácil viver em coabitação com  homem ou mulher. E não sendo disso exclusivo, já que é colocado também em evidência as relações homossexuais. Quanto a este ultimo aspeto são relações seja que situação e género sejam. E é disso que se trata neste filme, relações. Não se acredita no amor, e até parece que se confunde com "fuder" agora e daqui a pouco com outro parceiro/a da estrada da vida, que o outro já deu o que tinha a dar. Perde-se a capacidade de criatividade, investindo nessa relação diariamente, enriquecendo a sua construção. Homem e mulher vivem naturezas diferentes, mas afinal homem com homem ou mulher com mulher vai dar nos mesmo problemas. Logo esta situação tem a ver com os padrões que herdamos do passado, mas que nunca nos demos ao trabalho de solidificar com as ferramentas do presente. Cada vez menos se investe nos sentimentos, mas radicalmente no prazer. O resto é quase sempre desvalorizado pelos pilares instituídos de uma sociedade que nos faz viver ao contrário dos chamados princípios éticos. No fundo o homem não deixou de ser o velho e eterno animal selvagem cobridor de fêmeas, e elas estarem disponíveis aos caprichos masculinos. Se calhar daqui a cem anos ainda continuamos a discutir tudo isto, sem soluções à vista. O homem em geral ainda anda à procura da sua verdadeira identidade, e será que alguma vez a vai encontrar? Enquanto existir a cobiça pelo objeto ao lado, sempre se pisará o risco. Tanto para o homem como para a mulher. É um princípio geral que não se vão respeitar, mesmo que tenham que empregar a mentira e fazer de conta que está tudo bem. Aliás é isso que domina deste filme e é bem retratado, na minha modesta opinião. 
  



Actores:
Ivo Canelas, Nuno Lopes, Albano Jerónimo, Gonçalo Waddington, Ana Brandão, Cleia Almeida, Dinarte Branco, Eva Barros, Inês Rosado, Isabel Abreu, Joana Santos, Joaquim Horta, João Arrais, Margarida Carpinteiro, Miguel Guilherme, Pedro Lacerda, Rita Blanco, Sabri Lucas, Sílvia Filipe, Tomás Alves.


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