Sinopse:
Não recomendado para menos de 16 anos
Pare Com Suas Mentiras é um filme francês de drama dirigido por Olivier Peyon (Empreintes, Latifa, le coeur au combat) e baseado no livro homônimo de Philippe Besson lançado em 2017. A trama mostra a trajetória de Stéphane Belcourt (Guillaume de Tonquédec), um escritor que, após trinta e cinco anos, se vê forçado a retornar para Cognac, na França, ao aceitar ser embaixador de uma famosa destilaria. Ele precisa estar na cidade para promover o bicentenário da empresa - e, como logo descobre, ocasionalmente acabará revivendo algumas lembranças de seu primeiro amor. Conforme encontra pessoas e lugares, o escritor percebe que alguns antigos sentimentos também estão retornando à superfície.
Direção: Olivier Peyon | Roteiro Olivier Peyon, Vincent Poymiro
Elenco: Guillaume De Tonquédec, Victor Belmondo, Guilaine Londez
Título original: Arrête avec tes mensonges
Ano: 2022
Fonte do texto: AdoroCinema
Crítica: Vitor Velloso
“Pare Com Suas Mentiras”, dirigido por Olivier Peyon, é um drama de trama interessante que se perde gravemente nas tentativas de se aproximar dos clichês que moldam o gênero na indústria cinematográfica. Sem saber se é um romance de flashbacks ou uma memória de romance, o filme caminha na esteira de um desenvolvimento dramático onde o protagonista, Stéphane Belcourt, interpretado por Guillaume de Tonquédec, “reencontra” uma antiga paixão, no caso o filho dele, Lucas Andrieu, interpretado por Victor Belmondo, e toda uma série de memórias ressurgem, com as dificuldades sociais enfrentadas pelos personagens em seus períodos de juventude.
É um plot, que apesar de brevemente interessante, está longe de ser original, e que o espectador precisa se interessar pelos dois tempos distintos da narrativa, para que o arrastado drama consiga algum efeito prático no público. O problema é justamente que esse equilíbrio entre passado e presente apresenta um descompasso comprometedor para a obra, pois sem saber onde firma seus principais desenvolvimentos dramáticos, o diretor Olivier Peyon, parece ter mais interesse na história do jovem Stéphane (Jéremy Gillet) e Thomas Andrieu (Julien de Saint Jean), apoiando a maior carga em seus flashbacks, tentando apenas algum tipo de justificativa explícita para o presente, onde essa antiga paixão se transforma em uma espécie de redenção da arrogância de Stéphane, de um redescobrimento da região onde nasceu, com a visitação nos lugares que o marcou e todo o processo programático desse tipo de filme. Assim, o que menos funciona em “Pare Com Suas Mentiras” é essa balança de dois tempos, que é o centro primordial da estrutura da obra.
Logo, o que poderia ser uma tentativa direta de catarse a partir dos personagens, interpretado por quatro atores, se torna uma arrastada projeção de desejos, memórias e frustrações. Um burocrático retrato de como o cinema comercial europeu precisa de diversas muletas como dispositivo para encontrar alguma efetividade em rascunhos quase aleatórios. Desta forma, é como se esse grande esboço do que o filme pretende ser, um drama de relações passadas e projeções no presente, fosse constantemente freado por limitações formais ou escolhas estéticas duvidosas. A montagem de Damien Maestraggi é confusa por não saber como conduzir os “dois roteiros”, mas isso também ocorre porque a zona de interesse em cada um deles é diferente. Se de um lado é a redescoberta pela semelhança entre pai e filho, junto com a avalanche de memórias, do outro é a descoberta de desejos e entraves nessa relação. E se o leitor não consegue enxergar onde há o desencaixe, é porque este que vos escreve está fazendo um tremendo esforço.
O roteiro escrito oito mãos (o que normalmente não é um sinal agradável), assinado por Cécilia Rouaud, Olivier Peyon, Vincent Poymiro e Arthur Cahn, não consegue centralizar nenhum de seus eixos temáticos e acaba se perdendo em blocos de desejo e blocos de memória. Mesmo assim, procura reforçar algum tipo de conflito entre o personagem de Stéphanne e Lucas, para criar alguma tensão onde tudo parece ser uma bela constância de “e se”. E nesse misto de coisas, confusões, falta de direcionamento, uma das poucas coisas que consegue chamar a atenção do espectador é a bela paisagem de Cognac e sua beleza natural. Pois, nem a fotografia de Martin Rit parece inspirada para arquitetar essa narrativa, que se apoia em recursos fáceis, onde as cores são miméticas e expressam, sem nenhum tipo de complexidade, cada fração do que o filme presume ser eficiente naquele recorte.
“Pare Com Suas Mentiras” é desinteressante por não saber para onde apontar seus principais esforços e acaba sendo modorrento por acreditar que apenas o desejo e a memória podem costurar essa colcha de retalhos quase inexpressiva que representa na tela. É uma pena, pois esse tipo de material base, tem tudo para entregar algo minimamente curioso de se acompanhar. O espectador que conseguir se conectar com o filme, provavelmente compreende bem o que o personagem está atravessando, do contrário, deve se entediar com a estrutura desgovernada.
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Será que o crítico Vitor Velloso, leu o livro?
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Filme Completo:
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Livro
Sinopse
Este premiado romance de Philippe Besson, «o Brokeback Mountain francês», como o classificou a revista Elle, conta a história de amor entre dois rapazes adolescentes na França de 1984. À entrada de um hotel em Bordéus um conhecido escritor cruza-se com um jovem estranhamente parecido com o seu primeiro amor, Thomas. Olha então para trás, para uma relação nunca esquecida, uma relação escondida do último ano do liceu. O erotismo e a ternura de um primeiro amor e a dor da perda e da passagem do tempo.
Publicado em 2017 e galardoado com o Prémio Maison de la Presse, Deixa-te de Mentiras foi adaptado para cinema. A sua versão em língua inglesa obteve um assinalável êxito internacional: Melhor Livro LGBTQ da Oprah Magazine, Escolha do Editor da New York Times Book Review e Melhor Romance Gay da The Advocate.
Opinião de leitor Bertrand:
Maravilhoso!
Catarina Matos | 13-07-2020
Esta é uma história terna e ao mesmo tempo tão devastadora. A maneira que Philippe descreve os acontecimentos enchem-nos de detalhes emocionais da qual não estamos à espera. No decorrer do livro, é possível ver como a primeira relação do autor o marcou para a vida, como o influenciou e como nunca a ultrapassou. É um primeiro amor marcante e inesquecível que me conseguiu enternecer o coração e ao mesmo tempo, parti-lo. A escrita é definitivamente diferente da que estou habituada. Philippe descreve emoções contando certos acontecimentos da sua vida e usando metáforas que nos fazem compreender os sentimentos de uma maneira mais profunda. Recomendo muito este livro a quem goste de LGBTQIA+, a quem queira ler um livro pequeno mas que conte uma história profunda. Se estão à procura de uma história leve, então este livro não é para vocês porque terminei-o com o coração a doer pelo autor.
Fonte: Bertrand
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