31/08/24

Um Gato Com Sorte





Beckett, um gato mimado, dá por garantida a sorte que teve ao ser resgatado e acarinhado por Rose, uma estudante que se concentra em salvar a população mundial de abelhas. Mas tudo muda quando perde negligentemente a sua penúltima vida. Beckett irá então passar de animal de estimação egocêntrico a herói abnegado. Porque, por vezes, há que percorrer muitos caminhos diferentes para encontrarmos a melhor versão de nós mesmos.

Realizador: Christopher Jenkins, Mark Koetsier

Elenco: Luis Lobão, Paulo Oom, Mila Belo.

País: Reino Unido, Canadá

Ano2024

Título Original10 Lives

Fonte texto: Cineplace



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Uma maravilha de filme, com mensagens subliminares para os adultos. Afinal todos ganharíamos em praticar o amor entre todos. Tudo seria diferente neste Planeta.


Em leitura

 



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27/08/24

Seja Feliz...

 

(serra da estrela)

Seja feliz do jeito que você é, não mude sua rotina pelo o que os outros exigem de você, simplesmente viva de acordo com o seu modo de viver.

- Bob Marley -

(zona de Mafra)

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Foto do dia


 Discoteca Ouriço - Ericeira

20/08/24

Clemenceau, A Força de Amar


Filme da cineasta francesa Lorraine Lévy, a história da paixão inesperada entre Georges Clémenceau e Marguerite Baldensperger

Quando a 2 de Maio de 1923 Georges Clémenceau conheceu Marguerite Baldensperger, ele tinha 82 anos de idade, ela 41. Marguerite veio pedir-lhe um livro destinado a uma coleção de obras históricas da editora Plon.

"O Tigre", que não perdeu nada do seu esplendor, é um homem ferido desde que foi derrotado. Marguerite é uma mulher devastada pelo suicídio da filha de 17 anos de idade. Entre eles, a alquimia é imediata e Clémenceau oferece a Marguerite um pacto faustiano "Eu ajudar-te-ei a viver, tu ajudar-me-ás a morrer"

Ficha Técnica:

Título Original: Clemenceau, La Force d´Aimer

Intérpretes: Pierre Arditi, Émilie Caen, Elizabeth Bourgine, François Marthouret, Chantal Neuwirth, Scali Delpeyrat, François Levantal, Serge Riaboukine, Arthur Choisnet, Guillaume Destrem, Sophie Guiter, Arnaud Maillard

Realização: Lorraine Lévy

Ano: 2023

Fonte: RTPlay. Filme disponível em Rtplay

Banda Sonora disponível no Youtube: 





16/08/24

Inimigo Íntimo


Inimigo Íntimo
- Adeilson Salles -

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Dizem que o cúmulo da rebeldia é morar sozinho e querer fugir de casa. Pois é exatamente esse comportamento emocional que o homem moderno revela nesses dias. Ele compreende a fuga da sua essência, e psiquicamente infantilizado busca no mundo os responsáveis por seu sofrimento.

Inimigo Íntimo é o diálogo do homem com suas contradições emocionais.

O livro pode ser adquirido em Portugal, pela Editora Verdade e Luz

Leituras


 Poemas da Mulher e do Náufrago

- Jaime Rocha -

Uma mulher com um cântaro.

O que faz uma mulher com 

um cântaro?

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p. 11

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14/08/24

Salto de Fé





As aventuras de um padre jovem, incapaz de dizer mentiras, que é enviado para uma paróquia no interior do país (Castelo Novo), onde todo o seu otimismo cristão e ingenuidade natural vão ser postos à prova por um "rebanho" de pecadores.

Fonte: RTPlay

13/08/24

O Veterinário de Província

 



Série britânica de 7 episódios, baseada nos livros de James Herriot, sobre as maravilhosas aventuras do icónico veterinário, na década de 1930 em Yorkshire Dales. Recém-saído da Universidade Veterinária de Glasgow, James Herriot segue o sonho de se tornar veterinário na magnífica área de Yorkshire Dales. Mas depressa descobre que tratar os animais passa muito por lidar com os donos, e os agricultores de Dales são difíceis de agradar. Na Skeldale House, conhece a sua nova família: o caótico e imprevisível chefe Siegfried Farnon, o seu rebelde e caprichoso irmão Tristan e a astuta Sra. Hall que gere a casa. Quando a bela Helen Alderson atrai a atenção de James, o jovem encontra um outro motivo para permanecer em Dales.

Ficha Técnica:
Título Original: All Creatures Great and Small
Intérpretes: Samuel West, Ana Madeley, Rachel Shenton, Nicholas Ralph
Realização: Brian Percival
Ano: 2020

Fonte do texto: RTPlay
Temporada 1 






10/08/24

Instante Fotográfico


 em Caldas da Rainha 

Al Berto (2017) Banda Sonora Oficial

 


Al Berto (2017) Banda Sonora Oficial | Álbum Completo - Pedro Janela

O Povo Já Não Tem

 


Quem dá nabos, recebe nabos…

 


Quem dá nabos, recebe nabos…

Diariamente, na hora do almoço, pelas 13h00, rotineiramente, passo pela praça da fruta, para recolher, produtos hortícolas e frutas, oferecidos pelos vendedores deste mercado para confeção do almoço, no refeitório de “De Volta a Casa – Missão”. Um dos empregados de uma das bancas, em tom sarcástico, tem dito em várias ocasiões: - Quim! Queres estas hortaliças, isto ou aquilo… Olhando os alimentos deteriorados, próprios para consumo de animais, ou nem para estes, respondi-lhe se os alimentos estão em condições de se dar às pessoas que procuram uma refeição para mitigar a fome? Se fosses lá comer, gostavas que te dessem esses alimentos? Um dia destes quis oferecer uma caixa de nabos, já velhos. De novo, em tom sarcástico, disse: - Quim! Queres levar essa caixa de nabos? Estão ótimos para dares lá! Enquanto ele estava de costas e distraído, eu, com algum à-vontade, agarrei num nabo e coloquei-o no capuz dele, de imediato respondi-lhe: Quem dá nabos, recebe nabos; quem dá amor, recebe amor; quem age com ódio, recebe ódio…, Olhando-me, respondeu-me: Estás muito poeta!…  

Um ato generoso é retribuído com outro ato generoso

Encontrava-me numa das caixas, no supermercado, para fazer o pagamento das minhas compras. Estando duas pessoas à minha frente. Numa outra caixa estava uma senhora idosa, apoiada na sua bengala, tendo à sua frente algumas pessoas. Chamei-a, e disse-lhe: passe à minha frente! A senhora tem prioridade! Pedindo a quem estava atrás de mim, se não se importavam de dar a vez a essa senhora. Devagarinho dirigiu-se, então, para tomar o lugar. Quando essa senhora estava para fazer o pagamento, não estando eu à espera de alguma retribuição, agradeceu e tirou da sua carteira dinheiro. – Isto é para si, para ajudar, sei o trabalho que faz em prol dos mais necessitados – disse sorrindo a benemérita idosa. Estes são gestos que nos enchem. 

O bem é o sol que ilumina o coração e a senda de quem o pratica. Quem vive o mal compara-se aos planetas errantes perdidos na infinidade da escuridão e vazio.  

Um abraço para todos

9 agosto 2024









Joaquim Sá 


09/08/24

devaneios


português



solução


Facebook


chegar a um ponto


José Saramago






















Com a mesma veemência e a mesma força com que reivindicarmos os nossos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa começar a tornar-se um pouco melhor. 

- José Saramago -

Livro: Luxúria


O livro "Luxúria" foi lido em tempo recorde. Menos de vinte e quatro horas. Perde-se no tempo a ultima vez que me aconteceu tal feito. Escrito pelo jornalista italiano Emiliano Fittipaldi, também autor de outro livro da mesma temática, “Avareza”, os documentos que expõem a riqueza, os escândalos e os segredos da Igreja Católica presidida pelo Papa Francisco. Segundo os dados biográficos do autor para contextualizar o seu trabalho de investigação, nasceu na cidade de Nápoles no ano de 1974. Jornalista do L'Espresso, colaborou também com o Corriere della Sera e com o jornal Mattino. Pelo seu trabalho de investigação e de credibilidade recebeu os prémios Ischia, Gaspare Barbiellini Amidei e Sodalitas.

O seu trabalho jornalístico de investigação é transversal a inúmeros países onde a influência Católica é proeminente. Estados Unidos, Espanha, México, Brasil, Chile, Itália, entre outros tantos países, são a fonte desmesurada de dados recolhidos, que se traduzem num relato demasiado perturbador e profundamente chocante. Chocante porque é um autêntico atestado de incompetência das autoridades eclesiásticas Católicas perante um flagelo demasiado abafado que é o da pedofilia e da homossexualidade, não só pelos órgãos eclesiásticas, mas também pelas comunidades cristãs e respetiva comunicação social. 

Este livro é apenas uma pequena voz dos milhares de vítimas silenciosas em sofrimento por causa da pedofilia descarada e evidente dos clérigos, durante parte do Sec. XX e atual, para não falar em outros tempos mais recuados. Uma investigação na primeira pessoa, que me deixou completamente aziado. Não imaginava que os factos demasiados evidentes fossem tão graves e ainda mais do atual Papa encobrir tudo isso com um discurso mascarado às massas, mas com uma prática de encobrimento que permite a continuação dos crimes dos clérigos, perdoando, e esquecendo. O que mais me indigna são os milhões de euros e dólares utilizados para abafar investigações, para comprar o silêncio das vítimas, muitas das quais se suicidaram. 

Como é possíveis os luxos e prémios que os padres obtinham, desacreditando quem os criticava com as chamadas inverdades dos menores, rapazes e raparigas, ao longo de anos e anos sem poderem falar ou provar. Como é possível premiar os pervertidos, deslocando-os de paróquia em paróquia, como se nada fosse, na sua maioria sem punição na justiça por conta da proteção religiosa que os Estados assinaram com o Vaticano. Como é possível mandar os padres rezar Ave-Marias pelos pecados de pedofilia e assim estavam desculpados continuando a perverter outros adolescentes noutras paróquias por onde transitavam. Não é possível viver dignamente numa sociedade, onde se esperava mais respeito, seriedade, ética, fosse um antro de corrupção passiva, como se pode deduzir facilmente da leitura desde livro. Aconselho vivamente a sua leitura. Ainda assim relembro, que apesar das ovelhas negras do sistema, ainda existem, que constitui a maioria dos padres que são um exemplo digno de serviço ao próximo. 

João Eduardo


07/08/24

Soldado


É necessária uma certa dose de estupidez para se fazer um bom soldado

- Florence Nightingale -

The Nun - A Freira Maldita




Estreou no dia 6 de agosto 2018 em Portugal, o filme The Nun, com título em português, a Freira Maldita. Tive oportunidade de o ir ver no dia de estreia, em Caldas da Rainha. Meia sala, a suficiente para criar um ambiente animador. Muito longe de outros tempos em que as salas enchiam para ver em tela grande um bom filme, insubstituível pela tecnologia de cinema caseiro. A crítica arrasou simplesmente o filme classificando-o de medíocre. Apesar de ler as críticas dos filmes, não me deixo influenciar pelas ideias aí expostas. Eles são os especialistas técnicos das fitas que lhes apresentam e fazem o seu trabalho e é para isso que lhes pagam. Mas a mim ninguém me paga para ir ao cinema, até porque o preço praticado não é convidativo para ir mais vezes ao cinema, tantas as vezes que desejasse. Vou ao cinema para me divertir, passar o tempo de forma lúdica, e não é uma má critica que me faz ficar em casa. Aliás já tenho visto boas críticas a filmes, e que para mim foi um autêntico fiasco. Mas, vamos lá ao que interessa sobre a Freira Maldita. O design do cartaz está extraordinário e foi o que me chamou a atenção, para além do trailer divulgado, foram os suficientes para desembolsar 6,60 euros do bilhete. Substancialmente já vi filmes de terror mais pesados, este foi sem dúvida muito leve, o suficiente para não provocar alguma má digestão e consequente vómito. Não deve ser agradável assistir a esta situação. Mas não foi o caso. Uma jovem freira enclausurada numa abadia na Roménia se suicida, e a notícia chega rapidamente ao Vaticano que envia de imediato um sacerdote especialista em exorcismo, mas com um passado tenebroso. Acompanha-o uma noviça que não fez os seus votos finais. Em conjunto desvendam o segredo profano da Ordem. Durante a mirabolante investigação com o surgimento dos espíritos desencarnados e com as suas vidas mal resolvidas enquanto vivos, o padre e a noviça passam por algumas situações que apesar de parecerem fantasia, muitos dos acontecimentos são mesmo reais e eram muito comuns no passado recente. Uma das cenas que mais me fez pensar foi o caso do padre que se viu enterrado vivo dentro de uma urna a muitos metros de profundidade. Apesar de ser quase impossível acontecer nos dias de hoje, infelizmente ainda muita gente morre asfixiada dentro do caixão, em alguns países onde a palavra justiça não existe. Para além de algumas cenas surpreendentes que fez assustar alguns espectadores em meu redor, torna sem dúvida o ambiente mais divertido, com inúmeros risos soltos de descontração, sendo que a maioria do público era jovem. O filme foi realizado por Corin Hardy que também realizou “A Maldição da Floresta” em 2015. 
Quanto aos atores, são três que destaco: Demián Bichir, que faz de padre;  Taissa Farmiga, que faz de noviça; Jonas Bloquet, que faz de aldeão e testemunha de ter encontrado uma freira que se suicidou na porta da abadia. Estes três atores em conjunto fazem quase a totalidade do drama de terror. Particularmente gostei do desempenho de Jonas Bloquet em conjunto com a Taissa Farmiga, com o seu ar sedutor e olhar inocente, fez com certeza muita boa gente humedecer as ideias mais íntimas. 
Finalizando, o filme podia dar mais cenas espetaculares, mas ainda assim gostei, tendo valido a pena. 

joão eduardo  



Realizador: Corin Hardy


Demián Bichir (Padre)


Taissa Farmiga (Noviça) 


Jonas Bloquet ( aldeão)


Ser militar




Passo ante passo
Mochila às costas
Capacete enfiado na cabeça
Suor no rosto
Expressão feroz
Ser combatente
de espingarda em punho
a olhar o horizonte
à procura do ideal
Do inimigo...
O atirar ao chão
à lama
à agonia
Sobretudo à vitória
e ser militar...

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Militar
Vai para a frente,
não escolhe caminhos
nem lugares
A lama é a vitória,
o suor, o sacrifício.
Arma na mão.
Vitorioso no pensamento,
prossegue a caminhada.
Não importa se dura, se leve.
Importa sim, ir para a frente.
Não importa como, 
não há cansaço que o desanime,
não há perigo que lhe meta medo.
Não tem medo de nada!
Nem de si próprio.
O que conta é o objectivo.
O ideal...
A missão! 


escrito em 1985

vai atrás do sonho



Nunca deixe ninguém te dizer que não pode fazer alguma coisa. Se você tem um sonho tem que correr atrás dele. As pessoas não conseguem vencer e dizem que você também não vai vencer. Se você quer uma coisa corre atrás.

internet

06/08/24

Instante Fotográfico


 em Óbidos

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pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória… amas
ou finges morrer


pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas


é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves


já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes

- Al Berto -

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Marvin





O filme Marvin chegou-me às mãos em formato dvd. Produzido por Anne Fontaine, tem um pequeno leque de atores que tornam este filme brilhante, por atingir os píncaros da sentimentalidade. Desenrola-se na duplicidade de contar uma história de infância com a do palco de teatro na fase de adolescência e a transição para adulto. Não é uma simples história, é o retrato de uma realidade que atormenta milhares de Marvin pelo mundo fora. Diria que ali no desenrolar da ação um pouco de mim por ali vagueava naquelas palavras ditas, parece que de repente as recordações de outros tempos acordaram da hibernação. Marvin é um jovem que nasceu numa aldeia rural num agregado familiar pobre em França, onde a educação era escassa, a violência verbal era a ementa diária. A bebida, a má alimentação, a falta de trabalho organizado, ainda assim Marvin um jovem isolado conseguiu percorrer o seu caminho entre assédios explícitos sexuais tão comuns em idade escolar. 
O bullying permanente tão característico desta sociedade sem um futuro organizado, não fez vacilar o seu percurso, ainda que os professores confiassem e acreditassem nas suas capacidades intelectuais. Fica-se apaixonado e ao mesmo tempo odeia-se este filme pelas recordações num passado longínquo, mas cujas consequências prevalecem ainda em muitos aspetos da minha vida atual. Para mim diria que foi um murro no estomago, caracteriza bem  numa sociedade que não respeita nem se respeita a si própria. 
Uma sociedade assim não tem grande futuro, deambula nas conveniências, na moda inventada para entreter e consumir o efémero. A condição de homossexual, de excluído, de negro e afins, constitui uma forma de exilio compulsivo, onde não se respira liberdade, mas alimenta-se o ódio interior que acaba no caminho da droga, do álcool, do suicídio. 
Marvin é o reflexo de que a vida é constituída por vários equinócios temporais, onde reside o sufoco e quase não existe a chamada normalidade constituída pelo respeito e pela ética. Reinventa-se constantemente a vida, o dia de amanhã longínquo, quando a noite é passada entre o álcool, o sexo fortuito em troca de mais uns trocos que pobre não tem direito. 
Este é o mundo dos ricos, dos afortunados que exploram a seu belo prazer os corpos que lhes passam pelas mãos, tem todo o tempo do mundo. Não tem pressa, sabem que é fácil. É deprimente tudo isso, e também o é no filme, muito bem representado pelo ator principal e protagonista da história. 
Não é uma história de ficção, e se o fosse não conseguiria ser tão real. É preciso ser vivida para ser representada num palco de teatro perante um público que fica em silêncio a aguentar as lágrimas. Não é um filme para “paneleiros” mas para seres humanos que ainda conseguem pensar e colocar-se no lugar do outro. 
No filme paneleiro é uma coisa de degenerados, uma doença mental, conversa do pai para Marvin. É estonteante ouvir no presente tudo isso numa Europa que se diz civilizada, mas que continua a acumular e enjaular cada vez mais vítimas nos seus armários com os radicalismos instituídos  oficialmente no terreno com a conivência de todos nós. 
O retrato desenvolvido no filme é a um anónimo na vida, de um ser errante à procura de um afeto mas que só encontra refúgios escondidos onde reside a solidão.  Racismo, xenofobia e homofobia são os ingredientes principais em Marvin, o suficiente para provocar uma ingestão prolongada. Marvin é inspirado na obra autobiográfica "Acabar com Eddy Bellegueule", escrita por Édouard Louis aos 19 anos. No elenco, destaca-se o papel brilhante de Finnegan Oldfield, Gregory Gadebois e Isabelle Huppert.

João Eduardo 






10 outubro 2018

Chama-me Pelo Teu Nome



Recentemente recebi o DVD “Chama-me Pelo Teu Nome”, um filme de Luca Guadagnino, e nos principais papéis os atores Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel. As emoções são tantas, que me é difícil saber por onde começar. 
Não é fácil falar deste filme, tendo em conta a minha opinião, e que só a mim me diz respeito, e que de alguma forma queira contribuir para que outros veem. Não é um filme para “paneleiros", como vi escrito nas redes socias, demonstrando uma mesquinhez e ignorância absoluta. As pessoas são livres de dar a sua opinião, agora serem mal-educadas, isso não. Aliás esse é um dos problemas graves das gerações atuais, que pretendem manipular e fazer crer que o que é bom ou não para a sociedade. 
Este é um filme de sentimentos, de relações humanas. É um filme simples, com espaços para refletir, saborear os diálogos, deixar-se ir pelas escolhas musicais da excelente banda sonora. Reportando a uma época, ano de 1983, em pleno início dos anos 80, com tudo o que trouxe num salto qualitativo e quantitativo na melhoria social e cultural da sociedade. 
Élio com 17 anos é a personagem central do filme, vive com a família num território quase improvável para o desenvolvimento do filme, numa casa antiga do século XVII, numa região rural.  Todos os anos no verão o pai de Élio, professor de arqueologia, convida alguém para trabalhar com ele em determinados projetos que desenvolve. Nesse ano foi escolhido um americano de 24 anos, Olivier,  muito bem prestativo, educado e sobretudo inteligente. Aliás todo o filme é um encontro de excelentes ideias, começando até pelo próprio nome do filme. 
Pelo contrário Élio, apesar de jovem, está pouco preparado para aquilo que a vida vai oferecendo. Vai desenvolvendo nele uma crescente obsessão saudável em relação ao Oliver. Para ele tudo parece ser fácil, mas não é, a sua timidez de palavras, leva a que o tempo passe e tardiamente percebe os sinais que vão aparecendo dando caminho aberto para que ambos possam efetivamente revelar-se intimamente. 
Élio, é um exímio tocador de piano, e demonstra mestria em alterar as pautas dos compositores. Quando se é adolescente o mundo gira à nossa volta, vive-se até onde é possível, até onde existe a linha, a tal barreira imposta por uma sociedade intolerante. Às vezes fico a olhar para os adolescentes de hoje, e tenho pena de não ter sido mais livre no meu tempo. 
Uma das cenas que me tocou, foi quando o Élio, pega nos calções de Olivier e enfia-os na cabeça e começa a cheirar a zona do genitais e simula com os quadris atividade sexual na cama. É verão, são os corpos nus da cintura para cima, calções leves e pernas sedutoras, são ingredientes que elevam a fantasia de quem observa, e fica ali por momentos a sonhar com o que faria com aquilo. 
São as idas ao rio, o tomar banho, nu ou não, onde impera a liberdade dos sentidos, e vais até onde o teu livre arbítrio deixar. Como a maioria de nós, e eu tinha-o, um canto só para nós exorcizarmos os nossos fantasmas. 
Ficavam as ideias impregnadas nas paredes das rochas, nas árvores. Esse era o nosso canto, um pouco á semelhança do filme do “Clube dos Poetas Mortos”, que é também um dos grandes filmes da minha vida. Até o aparecimento de sangue no nariz de Élio, me fez lembrar os meus tempos de jovem. Só nessa altura eu passei por isso. Não se pode ficar indiferente a esta referência por parte do escritor e do realizador que o passou para o filme. 
Este filme é também uma obra de culto onde o livro tem um destaque sagrado em todas as cenas onde se desenvolve a ação. O livro é de facto o melhor caminho para abrir horizontes para o mundo dos sentidos. Ajuda-nos a conhecer mais e mais e tornar-nos mais cultos. Os silêncios milimetricamente colocados neste filme, surgem como que antípodas de reflexão e param o que está a acontecer e o que porventura se possa seguir. De facto, eu gosto destes silêncios, sobretudo quando caem as lágrimas desordenadas, elas não provocam ruído se não recorrermos de imediato ao lenço.  
Estes silêncios para mim foram a ponte ao passado, a acontecimentos que eu julgava esquecidos ou perdidos. Faz-se um esforço para pensar ainda no presente o que resta do futuro da vida, sobretudo quando se vive num local geográfico entre dois cemitérios. Estou a falar da minha pessoa, claro. 
Outra cena sublime que me deixou em êxtase, nem imaginava que assim fosse, é quando Élio, num dos períodos de amargura, busca num pêssego o aconchego daquilo que ele queria de Olivier. Retirou o caroço, e enfiou o pénis no respetivo buraco masturbando-se debaixo dos calções. A cena é tão pura e tão bem feita e realista que se fica de boca aberta para tal concretização. 
O sémen fica no interior do pêssego que é colocado na mesinha de cabeceira, onde mais tarde Olivier quando chega ao quarto, descobre o que Élio fez com o pêssego. Delirante, não encontro palavras fáceis para emitir o misto que senti ao observar aquele pedaço de pedagogia erótica. 
Antes da partida de Olivier para os Estados Unidos, durante alguns dias foram dar um passeio sozinhos pelas montanhas verdejantes. Como eu os invejei, mas na realidade o fim do filme é um mestrado em nostalgia. Não se está preparado, mas já se presume o que vai acontecer no final. O final é mesmo péssimo para os sentidos. Olhar para a lareira e ver ali queimados os sonhos do seu amado que lhe telefonara antes a dizer que ia casar com uma namorada de relação de dois anos. 
Não se está preparado para estas coisas, mesmo com uma família tão permissiva e liberal nas questões da homossexualidade. Antes deste final ainda, tem a conversa entre pai e filho sobre sentimentos tão inteligentemente dirigidos que dispenso fazer comentários. Ver o filme é revelador de tudo aquilo que não fui capaz de dizer por palavras. Quando acabei de ver o filme, fui de imediato comprar o livro. E digo-vos uma coisa, é o complemento do filme. É fantástico. Os dois vão ficar lado a lado na estante de livros. Nota 10 de 1/10.

João Eduardo     


Timothée Chalamet (Élio)

Armie Hammer (Olivier)

Michael Stuhlbarg (Pai de Élio)

Amira Casar (Mãe de Elio)

Esther Garrel (Amiga de Élio e da família)

Victoire Du Bois (Amiga de Olivier) 

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Livro...






«« II »»
os 4 minutos mais longos do filme...



21 Outubro 2018



05/08/24

Recordar

 


5 agosto 1973 / 5 agosto 2024
 eram 51 anos se tivesses encarnado. Assim não foi. Ficam as memórias
 (  Nuno Fortuna )
🌹
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

04/08/24

Oh Lá Lá!


Sinopse:
Prestes a casar, Alice e François decidem reunir as duas famílias. Para celebrar a ocasião, reservam aos pais um presente especial: testes DNA para que cada um possa conhecer as origens dos seus antepassados. Mas a surpresa transforma-se em fiasco quando os Bouvier-Sauvage, grande família aristocrata, e os Martin, família bem mais modesta, descobrem resultados, no mínimo… inesperados!

Actores: Christian Clavier, Didier Bourdon, Sylvie Testud

Realizador: Julien Hervé

País: França

Estreia: 01 Agosto 2024

Ano: 2024

Fonte da informação: Nós Cinemas


««II»»



Instante Fotográfico





 Fragas de São Simão